14 de outubro de 2013

Alguns “pontos” sobre acupuntura

Acupuntura (Divulgação)Carlos Wagner Nunes
 
A história da acupuntura se perde no tempo e é indissociável da história da medicina na China. A cultura chinesa tem a mais antiga tradição de linguagem escrita (desde 3.100 A.C.). Isto permitiu a transmissão de conhecimentos entre gerações, sem a deturpação típica da tradição oral. Na China, a História, período após o surgimento da escrita, é anterior à idade dos metais.
 
A acupuntura (do latim acus (agulha) e punctura (colocação)) é um ramo da medicina tradicional chinesa e, de acordo com a nova terminologia da Organização Mundial da Saúde (OMS), um método de tratamento complementar. Foi declarado Patrimônio Cultural Intangível da Humanidade pela United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (Unesco), em 19 de novembro de 2010.
 
O tratamento acupunterápico consiste no diagnóstico baseado em ensinamentos clássicos da medicina tradicional chinesa e na aplicação de agulhas em pontos definidos do corpo, que se distribuem principalmente sobre linhas chamadas de meridianos ou canais, para obter diferentes efeitos terapêuticos, conforme o caso tratado. São utilizadas outras técnicas, como a moxabustão (aplicação de calor sobre os acupontos), a auriculoterapia, a eletroacupuntura e a massoterapia.
 
A relação entre o uso das agulhas e da moxa, na acupuntura, fica evidente na tradução literal da expressão que, em chinês, designa acupuntura (zhen jiú), sendo zhen = agulha e jiú = fogo. O leque de opções do acupunturista costuma ser bem mais amplo, podendo-se estimular os acupontos e meridianos com os dedos (do in), moedas, pentes de osso ou de jade (gua sha), ventosas (ventosaterapia), massagens (tui na) e outras técnicas, como, por exemplo, a sangria. A acupuntura chinesa, por seu histórico milenar, acabou por desenvolver escolas específicas em países próximos da China, dando origem ao shiatsu (massagem) no Japão e a estimulação nos denominados microssistemas do corpo.

Com as tecnologias modernas, a acupuntura vem agregando recursos, como a eletricidade (eletroacupuntura, ryodoraku e moxa elétrica), agulhas descartáveis e práticas, cristais stiper ("stimulation and permanency" - estimulação permanente), esferas banhadas a ouro, prata, de quartzo e de vidro, ventosas de material plástico ou acrílico com válvulas de pressão, ventosas de borracha. Porém, sempre observando os mesmos princípios da medicina tradicional chinesa.

Os mapas de meridianos ultrapassaram milênios, chegando quase intocados aos dias atuais; o raciocínio que se desenvolve na verificação e tratamento dos problemas práticos apresentados nos consultórios é baseado em conceitos que soam estranhos aos ocidentais, como os cinco elementos, o tao (equilíbrio entre yin e yang), o fluxo de chi (traduzido como energia vital) e xué (traduzido como sangue), zang (traduzido como órgão) e fu (literalmente oco, mas traduzido como víscera).

Acupuntura no Brasil


A acupuntura chegou ao Brasil em 1908 pelas mãos dos imigrantes japoneses, todavia permaneceu em âmbito familiar e local (nas colônias japonesas) até meados da década de 80, quando ainda era foco de preconceito, apontada ao lado de casos de charlatanismo e esoterismo . Em 1972 o Conselho Federal de Medicina chegou a estabelecer normativamente que a acupuntura não era considerada especialidade médica.

À medida que ganhou usuários, a acupuntura passou a ter sua eficácia reconhecida pela opinião pública em geral e por diversos conselhos profissionais da área de saúde, sendo o primeiro deles o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapias Ocupacionais, em 1985, e o mais recente o de Medicina, que em 1995, estranhamente, estabeleceu a acupuntura como especialidade médica sem, contudo, revogar a resolução que afirmava que esta não era especialidade médica, o que só viria a ocorrer em 2003 mediante a publicação da Resolução CFM nº 1666.

A acupuntura ainda não está largamente difundida no Brasil devido a preconceitos e desconhecimento a respeito de sua origem e tratamento, mas ela já existe na Classificação Brasileira de Ocupações em quatro distintas modalidades (acupunturista, fisioterapeuta acupunturista, médico acupunturista e psicólogo acupunturista), sendo protegida por sindicatos registrados no Ministério do Trabalho.

Carlos Wagner Nunes é músico e professor pitanguiense. Formado em Letras pelo Inesp, pós-graduado em Ensino de Língua Inglesa pela UFMG, em Medicina Chinesa pela Unisaúde, pela Escola de Música OMB-Vivaz. Cursa Homeopatia na UFV.

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